• São Miguel do Iguaçu, 08/07/2025
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Ozempic passa a ser vendido somente com retenção de receita; médicos alertam para uso abusivo no Brasil


Ozempic passa a ser vendido somente com retenção de receita; médicos alertam para uso abusivo no Brasil

Uso inadequado
de medicamentos pode desencadear problemas de saúde e levar também a um aumento
na demanda, resultando em escassez para quem realmente precisa, como os
pacientes com diabetes tipo 2.

A venda de
medicamentos agonistas GLP-1, como Ozempic, Wegovy, Saxenda, Mounjaro e
similares, usados para o emagrecimento, passa a ter um controle mais rigoroso a
partir desta segunda-feira (23). A decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) 
de que deve ser obrigatória a retenção de
receita médica para venda desses medicamentos , divulgada no dia 16 de abril,
 entra
em vigor nesta segunda (23) - 60 dias após a publicação no Diário Oficial da
União (DOU).

Esta categoria
- classificada com a tarja vermelha - só deveria ser comercializada, até então,
com a apresentação da receita. Na prática, é comum que ela não seja exigida e,
por isso, clientes sem o documento conseguiam comprar os medicamentos.

Especialistas
ouvidos pelo g1 destacam um aumento preocupante no
uso desses remédios fora das indicações clínicas recomendadas, o que pode ser
considerado um uso abusivo 
e sem acompanhamento médico.

Além disso, o
uso inadequado pode levar a um aumento na demanda por esses medicamentos,
resultando em escassez para aqueles que realmente precisam, como os pacientes
com diabetes tipo 2.

A votação
da Anvisa para
decisão sobre a obrigatoriedade da retenção da receita ocorreu após uma análise
de farmacovigilância, que se baseou em dados de notificação no VigiMed. O
sistema da Anvisa gere dados de efeitos secundários de medicamentos e
compartilha com outros países. Numa análise comparativa, foram identificados
muito mais eventos adversos relacionados ao uso fora das indicações aprovadas
pela Anvisa no Brasil do que no exterior.

Em seus votos,
os diretores da agência destacaram que existe a necessidade de proteger a
população do uso abusivo desses medicamentos. Conhecidos popularmente como
"canetas emagrecedoras", eles foram desenvolvidos para diabetes, mas
acabaram sendo também indicados para a obesidade.

A decisão foi
tomada pela Anvisa depois da divulgação de uma carta pelo Conselho Federal de
Medicina. Nela, os médicos defendiam a necessidade de um maior controle na
venda desse tipo de medicamento.

A pesquisadora
da USP Thamires Capello apresentou a Anvisa um estudo sobre o perfil dos
consumidores das canetas emagrecedores. A pesquisa mostrou que 45% das pessoas
fizeram a compra sem prescrição médica. Dessas, 73% nunca tiveram orientação de
um profissional de saúde. Além disso, mais da metade usaram apenas para
emagrecimento.

Um levantamento
do Fantástico exibido no dia no dia 13 de abril mostrou que só nesse ano houve
mais de 350 apreensões de medicamentos falsos e contrabandeados em aeroportos
de todo o país.

Em apenas duas
apreensões na semana passada, a Receita Federal confiscou mais de 600 canetas
no Aeroporto Internacional do Recife.

Médicos alertam sobre o uso indiscriminado das
canecas emagrecedoras

O uso
indiscriminado (de Ozempic e seus similares), principalmente por pessoas que
buscam perder peso rapidamente sem a orientação adequada de um profissional de
saúde, levanta questões éticas e de segurança.

Por outro lado,
médicos reconhecem que esses medicamentos, quando utilizados corretamente,
podem trazer benefícios significativos para o controle do peso e da glicemia,
melhorando a saúde metabólica dos pacientes.

O uso abusivo
dos medicamentos para obesidade pode levar a desnutrição grave, perda de massa
muscular, queda de cabelo intensa e problemas relacionados a falta de
vitaminas, destaca a médica endocrinologista e diretora do departamento de
Endocrinologia do Esporte e Exercício da Sociedade Brasileira de Endocrinologia
e Metabologia (SBEM), Cristina Schreiber.

“Com o
acompanhamento médico, a falta de apetite é monitorada, assim como o padrão
alimentar, evitando que o paciente pare de se alimentar corretamente, por
exemplo. Além disso, os platôs na perda de peso são acompanhados de forma a
evitar frustrações, criando novas estratégias durante o tratamento”, acrescenta
Schreiber.

O médico
nutrólogo Noé Alvarenga acrescenta que o usuário comum não percebe que, como
acontece com qualquer medicamento, o uso indiscriminado leva à perda
progressiva de eficácia, exigindo doses cada vez maiores para reproduzir o
efeito inicial.

“Sem o suporte
contínuo de médico e nutricionista, a massa magra se perde de forma
irreversível e, após a suspensão da medicação, esse desgaste atua como poderoso
gatilho para o rápido reganho de peso”, explica Alvarenga.

Dados recentes
indicam que a prática de prescrever esses medicamentos para finalidade, com
dosagem ou para faixa etária que não está aprovada pela Anvisa no Brasil (uso
off-label) cresceu substancialmente, acrescenta a médica endocrinologista e
nutróloga do Grupo Valsa e Membro da Associação Brasileira para o Estudo da
Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) Samara Rodrigues.

“Uma pesquisa
(realizada pela empresa de análise de mercado IQVIA) revelou que, em 2022, o
número de prescrições de medicamentos para perda de peso aumentou 41% em
comparação com o ano anterior. Isso é preocupante, pois muitos pacientes podem
não estar cientes dos possíveis efeitos colaterais, como problemas
gastrointestinais, risco aumentado de pancreatite e até mesmo problemas de
tireoide”, declara Rodrigues.

Um estudo
publicado na revista Diabetes Care mostrou que, em 2021, aproximadamente 30%
das prescrições de Ozempic (no mundo) eram feitas para pacientes sem diabetes,
o que é um sinal claro de que há uma necessidade de educação e de
regulamentação da necessidade de receita para compra.

Especialistas
defendem que os profissionais de saúde realizem um trabalho de conscientização
junto a pacientes e à sociedade em geral sobre a importância do uso responsável
e orientado desses medicamentos.

“A obesidade é
uma doença crônica, geneticamente herdada. Assim, durante o acompanhamento
médico importantes decisões como aumentar, reduzir a dose são tomadas a fim de
que o tratamento se torne eficaz e sustentável ao longo do tempo”, destaca
Schreiber.

“A promoção de
hábitos saudáveis, como uma alimentação equilibrada e a prática regular de
atividade física, deve ser sempre a primeira linha de abordagem para a perda de
peso e o controle metabólico”, complementa Rodrigues.

Em nota
ao 
g1, a Novo Nordisk disse que "compartilha das
mesmas preocupações da Anvisa quanto ao uso irregular de medicamentos".



















































Fonte: G1




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